O objetivo deste artigo é analisar a atratividade do investimento em ações de empresas de inteligência Artificial. Em pesquisas recentes, empresas mundo afora têm manifestado a intenção de aumentar o investimento em Inteligência Artificial. Mais do que intenção, tal investimento passou a ser uma necessidade, representando uma corrida tecnológica puxando demanda por produtos e serviços de BigTechs e turbinando a sua performance no mercado acionário.
Embora sejam classificadas no mesmo setor de Inteligência Artificial, as empresas são heterogêneas e atuam em subsetores diferentes. O primeiro subsetor é o de software, e talvez o mais badalado por representar a interface na frente dos usuários,. Este subsetor tem representantes bem conhecidos como Alphabet (Google, Bard) e Microsoft (OpenAI). O segundo subsetor é o de hardware, provavelmente também bem conhecido, com o Nvidia como seu representante mais conhecido. Na verdade, o subsetor de hardware é bastante heterogêneo, constituído por fabricante de chips, semicondutores, processadores e toda a infraestrutura onde os algoritmos são rodados.
Além dos descritos acima, há ainda demais subsetores. O terceiro subsetor é representado por fornecedores de fabricantes de hardware. Menos conhecidos pelo público em geral, são empresas de alta tecnologia que produzem wafer (onde os micro circuitos são construídos), fotolitografia (impressão de circuitos integrados), além de memórias, CPUs, chips, etc. Por fim, o quarto subsetor é constituído por empresas onde a Inteligência Artificial é o cerne e o seu modelo de negócios, assegurando uma vantagem competitiva difícil de ser alcançado, ou então fornecendo serviços a terceiros empregando a Inteligência Artificial. Neste subsetor podemos destacar Amazon, e demais empresas que fornecem softwares de logística, crédito, atendimento ao público.
É possível identificar muito mais atores neste mercado, mas o objetivo deste artigo é apresentar a análise destas empresas, e não necessariamente em categorizá-las.
Em primeiro lugar, estas empresas são de beta elevado. Ou seja, eles apresentam volatilidade maior do que o índice de mercado como por exemplo S&P500. Enquanto S&P500 apresenta volatilidade anualizada de 15.5% (últimos 10 anos), a Microsoft apresentou 21,4%, a Amazon apresentou 31.6%, a Meta apresentou 33.1% e a Nvidia apresentou 47% de volatilidade. Em termos práticos, estas ações têm oscilações mais amplas do que o índice, tanto para cima como para baixo.
Em segundo lugar, estas empresas apresentam baixo pagamento de dividendos. Por terem características de crescimento e atuarem em setor de rápida expansão, maior parte do seu lucro é retido para investimento na própria empresa. Esta política é bastante distinta de empresas consolidadas que têm receitas previsíveis, como por exemplo empresas do setor elétrico ou saneamento. A Nvidia tem um dividend yield de 0.02% ao ano, enquanto Meta e Alphabet tem dividend yield de 0%! Apesar de toda robustez de crescimento de faturamento, margem e retorno sobre capital.
O fato de atuarem em mercado de rápida expansão e que requer grande retenção de lucro para investimento aumenta o seu risco. Uma dúvida que surge é se as empresas estão conseguindo corresponder às expectativas de crescimento e se estão negociando a múltiplos justos. Com a demanda puxada pela corrida tecnológica, não só os analistas como a própria empresa tem incorporado crescimento acelerado nas suas projeções e guidance.
Vamos pegar o caso de Nvidia. O mercado já estava projetando o faturamento de $16bi para 3º tri de 2023, e a empresa apresentou $18 bi, um crescimento de 231% sobre o mesmo período do ano anterior. No mesmo período, o lucro por ação cresceu 410%. Para 2024, os analistas projetam um crescimento de lucro por ação de 60% em relação a 2023. Se tal projeção concretizar, a ação estaria sendo negociado a 24X de forward PE ratio contra 21X de forward PE ratio de S&P 500, (fonte: YCharts). Ou seja, o múltiplo da Nvidia está em linha com o do índice, e a sua performance vai depender da capacidade de entregar os resultados projetados.
Por fim, a seleção de ações é um trabalho árduo. As empresas são sujeitas a risco específico, onde as decisões e a capacidade de execução da sua equipe afetam o resultado. Isto ainda é mais acentuado num mercado novo como de inteligência artificial, onde as incertezas são maiores e a fonte de disrupção menos previsível. Por isso, é recomendado voltar ao livro-texto: evitar risco específico através da diversificação da carteira, e expondo-se via risco sistemático. Em outras palavras, fazer um portfolio diversificado de empresas do setor ou compra de ETF.
Para finalizar, a Inteligência Artificial não só vai transformar diversas indústrias, incluindo a assessoria financeira, como também representa um novo setor para investimento em ações. É um setor com mais risco e mais retorno, característica de segmento fundamentado em inovação e disrupção. Vale também ressaltar que a maioria destas empresas são americanas, e que é possível comprá-la com assessoria de equipe especializada via uma plataforma de negociação global.
Por Lin Jwo Shiow
Stratton Capital Investment Advisory
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