A nova guerra fria entre Estados Unidos e China continua impulsionando o processo de “friendshoring” das grandes empresas multinacionais, ou seja, o reposicionamento da produção para nações amigas, em busca de segurança e estabilidade da cadeia de suprimentos. Nessa dinâmica, a Índia está emergindo como uma alternativa para substituir a China.
"A economia da Índia é mais moderna do que a da China e mais diversificada. Temos visto ainda estabilidade política, que é bem vista pelos investidores", diz Marcelo Cabral, CEO da gestora internacional Stratton Capital.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, que caminha para o seu terceiro mandato após receber a maioria dos votos nas eleições presidenciais, foi o responsável por realizar investimentos em infraestrutura, reformas de redução de impostos e privatizações.
“São termos que os investidores gostam de ouvir e têm surtido bons resultados, com a Índia crescendo de 6% a 7%”, complementa Cabral.
A Stratton está investindo no mercado acionário da Índia através de ETFs negociados na Bolsa de Nova Iorque. A atratividade da Índia se deve a diversos fatores: forte crescimento econômico, custos de mão de obra mais baixos que na China, uma força de trabalho jovem e em crescimento, reformas econômicas, desregulamentação, redução de impostos, investimento massivo em infraestrutura, programas de incentivos para fabricação local como "Make in India" e parques industriais (ZEEs), uma indústria de TI inovadora e competitiva, um vasto mercado interno com a classe média em expansão, boas relações internacionais com as principais economias do mundo, estabilidade política, e segurança jurídica.
Diante do inevitável declínio da China, a Índia pode emergir nos próximos anos como um dos principais motores de crescimento do PIB global. Enquanto isso, o Brasil desperdiça, mais uma vez, seu enorme potencial, justamente quando grandes multinacionais estão procurando alternativas. A corrida para substituir a China já começou, mas o Brasil ainda não largou.
Além disso, a classe média na Índia deve alcançar a marca de 1,167 bilhão de pessoas em 2030. Essa população será responsável daqui a seis anos pela movimentação de cerca de US$ 8,8 trilhões. Todos esses fatores influenciam os investidores a expor parte do patrimônio às empresas indianas. De acordo com os dados da Stratton Capital, o ETF India 50 (INDY), fundo negociado na Bolsa de Nova Iorque como se fosse uma ação, subiu 19,4% em apenas um ano e 111,25% nos últimos dez anos.
A performance do ETF indiano está bem distante de outros mercados emergentes, como os de China e Brasil. Ainda segundo a Stratton, os ETFs Msci Brazil (EWZ) e MSCI China (MCHI) apresentaram uma rentabilidade de 9% e de 4,9% em 12 meses, respectivamente. Já em um intervalo de dez anos, o desempenho foi de -0,5% para o EWZ e 1% para o MCHI.
Desempenho dos ETFs de mercados emergentes e dos EUA (fonte: Stratton Capital)
Mercado | ETF | Retorno em 1 ano | Retorno em 5 anos | Retorno em 10 anos |
Estados Unidos | SPY | 28% | 107,80% | 227,80% |
Índia | INDY | 19,40% | 46,80% | 111,20% |
Brasil | EWZ | 9% | -2,60% | -0,50% |
China | MCHI | 4,90% | -16,30% | 1% |
Para ler a matéria inteira, publicada no Jornal Estadão, clique aqui.
Por Marcelo Cabral.
Stratton Capital Investment Advisory.
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