Entre Gilts, Treasuries e Crédito: o novo equilíbrio dos spreads
- Robert Awerianow

- 13 de out.
- 2 min de leitura
Nos últimos cinco anos, o juro britânico de 10 anos (gilt) saltou de 0,2% em 2020 para acima de 4,5% em 2023, espelhando a trajetória americana. Mas o spread entre gilts e Treasuries se deslocou de forma quase simbólica: o que antes refletia credibilidade fiscal e estabilidade, agora embute um prêmio de risco estrutural do Reino Unido e, paradoxalmente, uma leve dose de complacência dos investidores globais com o risco americano.
Nos últimos dois anos, esse diferencial oscilou entre 20 e 50 basis-points, sugerindo que o mercado já precificou uma “normalização assimétrica” onde há confiança nos EUA, cautela moderada com Londres, e pouca disposição para exigir prêmios maiores do crédito privado.
Entretanto, o que mais chama a atenção são os créditos corporativos. Títulos de empresas grau de investimento com duration de três anos operam com spreads próximos de 80 pontos-base. Portanto, praticamente colados ao piso histórico mesmo após anos de aperto monetário e inflação persistente. Ou seja, o investidor global ainda aceita um retorno marginal para sair da segurança soberana.

Nos últimos meses, essa fotografia se manteve. Gilts seguem acima de 4,3%, Treasuries rondam 4,2% e o crédito continua “barato”. Mais do que os níveis, o sentido dos spreads tão estreitos sugerem que o custo do risco perdeu sua função de bússola, ou que os investidores voltaram a enxergar o mundo com lentes de abundância de liquidez, mesmo num ciclo de restrição.
Em outras palavras, o novo equilíbrio pode não ser sustentável se os juros soberanos contam histórias diferentes e os spreads corporativos, quase nenhuma. E talvez seja justamente nesse “silêncio” do crédito que se esconda o próximo movimento do mercado.
Essa publicação não é uma recomendação de investimento.



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